Aos 40 anos, Ana Marques tem nas palavras a certeza de quem sabe o quer da vida e de quem está feliz com as opções que fez. Mãe de Francisca e Laura, de quase três anos, nascidas da sua relação como o economista Joaquim Barata Correia, a apresentadora tem conseguido equilibrar na perfeição família e trabalho, sentindo-se satisfeita com a sua participação na rubrica Jornal Rosa, do programa Querida Júlia.
A sua carreira já passou por alguns altos e baixos, inclusive com ausências do ecrã. Como lidou com essas fases? As carreiras em televisão são mesmo assim e nunca achei que a minha pudesse ser sempre ascendente. Todas as pessoas têm momentos altos e travessias do deserto... Há quem ache que estar num canal de cabo é menos prestigiante e para mim foi dos momentos que mais me deu prazer! Como também há quem ache que fazer um programa em day time não é tão exigente intelectualmente e a verdade é que é preciso uma ginástica mental e um poder de conhecer a verdadeira realidade do país que o torna um desafio muito rico.
Alguma vez receou que por fazer o Jornal Rosa a menorizassem profissional e intelectualmente? Não, o que é estranho. Ou as pessoas dizem sem eu ouvir ou então não dizem que acham estranho eu de repente estar num conteúdo em que se fala do mundo cor de rosa. Talvez seja porque a minha abordagem ali é um pouco o contraponto ao Cláudio Ramos, que toda a gente tem como o crítico do social por excelência. Depois, acho que o Jornal Rosa é diferente de tudo o que já se fez, pois não nos levamos muito a sério, tentamos sempre rir-nos primeiro de nós próprios e desconstruir este tipo de notícias. É mais um espaço de humor do que de crítica social, já que nenhum de nós tem moral para criticar a vida dos outros.
Analisando a fase profissional que vive, alguma vez achou que nesta altura já estaria com outro tipo de programa? Sou uma pessoa descomplexada em relação aos conteúdos. Temos de servir o público e saber o que ele quer em todas as vertentes. Temos de ser condutores dos conteúdos que entretêm as pessoas. A televisão não nos serve a nós para sermos reconhecidos pelos nossos pares.
Esta rubrica também permite que tenha mais tempo para a vertente familiar... Obviamente. As minhas filhas ainda requerem muito acompanhamento e, desta forma, tenho alguma flexibilidade que me permite estar mais perto delas. Acho que tenho o melhor dos dois mundos.
E sente que tem conseguido acompanhar realmente o crescimento delas? Acho que a partir do momento em que os nossos filhos vão para a escola damos o primeiro passo para os largarmos no mundo. Dou muitas vezes comigo a olhar para elas e a pensar que já há coisas que não fui eu que lhe ensinei. A socialização já vai muito além da casa. Elas começam a ser pessoas para além de mim e do pai.
E como é que se lida com isso? Custa! Um dia elas vão sair à noite e andar em carros e isso assusta-me. Há pais que têm mais fantasmas com a droga e outro género de situações, eu tenho mesmo medo é dos acidentes.
Sente medo de falhar? Não vivo angustiada a pensar se lhes estarei ou não a dar a educação certa, mas há, isso sim, receios... Quando se tem filhos dá vontade de acolchoar o mundo inteiro para eles não baterem com a cabeça em nada. Não quero nunca criar expectativas em relação a elas, vamo-nos encaixando. E acredito que é pelos bons exemplos do dia-a-dia que se dá educação.
Continuam a ser uma loura outra morena? Sim, e uma tem caracóis, outra cabelo liso, uma maior do que a outra.
Apesar de falar da sua vida pessoal, tem conseguido resguardá-la o mais possível... Como se gere tudo isso equilibradamente? Tenho consciência de que a minha vida pública gera alguma curiosidade e aquilo que eu puder ir dando às pessoas que satisfaça a sua curiosidade, faço-o com gosto. Mas na minha vida privada há pessoas cujo projeto de vida não passa por uma vida pública e eu tenho de as respeitar. Antes de as minhas filhas terem a capacidade de dizer se querem ser fotografadas ou aparecer em qualquer revista, eu não vou abrir essa possibilidade. Respeito o desconhecimento que elas ainda têm em relação a este mundo e protejo-as até então.
Casar-se faz parte dos planos? Não, estamos muito bem assim. E neste momento em Portugal, do ponto de vista fiscal, nem sequer é benéfico casar [risos].Não é nada com que sonhe, acho que está muito bem assim. O casamento é olharmos pelas filhas maravilhosas que temos e para a família feliz que construímos todos os dias.
E repetir a experiência da maternidade? Não. Às vezes é preciso ler os sinais do Criador e acho que foram muito evidentes para mim: engravidei com alguma facilidade aos 37 anos e, no fim, tive um enorme susto, uma pré-eclâmpsia, podia ter corrido tudo mal... Tenho 40 anos, duas filhas saudáveis e maravilhosas, acho que está bem assim.
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